sábado, 26 de dezembro de 2009
"A irrupção dos nossos desejos, no meio de nossos conhecimentos que os invalidam, cria um conflito temível entre o nosso espírito inimigo da criação e o fundo irracional que nos une a ela. Cada um dos nossos desejos recria o mundo e cada um dos nossos pensamentos o aniquila. Na vida de todos os dias alternam-se a cosmogonia e o apocalipse: criadores e demolidores cotidianos, praticamos a uma escala infinitesimal os mitos eternos; e cada um de nossos instantes reproduz e prefigura o destino de sêmen e cinza reservado ao infinito."
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
terça-feira, 17 de novembro de 2009
sábado, 31 de outubro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Depois de quase quatro luas de silêncio, aqui me encontro novamente, e grito. O grito nauseabundo da bile negra que congestiona este corpo e com suas contrações esganadas agarra por estas paredes vestígios do que eventualmente poderia ter sido, consolidando-se em tal ato como venerável fruto podre com o qual somos presenteados pela generosa eucrasia que permeia a existência.
Lambe a terra e vomita céu.
Amem.
Como a vida seria indigesta sem você, querido objeto de transferência.
terça-feira, 9 de junho de 2009
A ausência de parâmetros tão característica da contemporaneidade massacra toda tentativa de argumentação sobre qualquer assunto que seja.
O exercício cotidiano do qualquer-notismo atinge seu apogeu esplendoroso na arte, onde se torna objeto sacro de contemplação. Questionar significaria nos despirmos das ilusões com as quais relativizamos tudo e afastamos de nós o absurdo da realidade, então tal fato é evitado. A tradição é abertamente desprezada como obsoleta. E a arte sucumbe numa medíocre imitação da realidade.
domingo, 7 de junho de 2009
sexta-feira, 5 de junho de 2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
O peso de continuar carregando os pedaços.
Ouve-se os gemidos do exército de zumbis esquartejados, façamos algo.
O rio que passa.
Calam-se.
Todavia não, não façamos nada, absolutamente nada mais que apenas deixar-se existir inteiro. E passar.
Reconheçamos a existência, a força implacável e a sabedoria contida nas tripas para que elas não nos dominem silenciosamente.
Sejamos leito desapegado para que o movimento do feixe de impressões sensorrágicas vomitado em chafariz de pensamentos não obstrua nossa presença.
Demonstremos para o ego que ele nos guia para que nós o tiremos do caminho.
Quero morrer na lutando guerra e não apunhalada pela minha própria sombra em sono profundo.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Hoje sinto-me um cadáver, não obstante insisto que só morro quando permito-me morrer.
Minha vontade é de uma morte onde o meu líquido viscoso penetre as rachaduras da terra e escorra num requebrar denso e grave atraído inevitavelmente para ser deglutido pela escaldante lucidez do centro placentário desta esfera pulsante eternamente indomável.
domingo, 31 de maio de 2009
" A ruína dos ideais clássicos fez de todos artistas possíveis, e portanto maus artistas. Quando o critério da arte era a construção sólida, a observância cuidada de regras - poucos podiam tentar ser artistas, e grande parte desses são muito bons. Mas quando a arte passou de ser tida como criação, para passar a ser tida como expressão de sentimentos, cada qual podia ser artista, porque todos têm sentimentos."
terça-feira, 26 de maio de 2009
O silêncio não existe.
É possível que, não obstante raramente, um determinado sujeito seja acomentido pela sensação da quase ausência de sons sendo produzidos nas imediações os quais estejam dentro do espectro de frequências e decibéis audíveis por um ouvido humano.
Enquanto o "eu", sujeito-ente, existe, o silencio não existe.
Um coração bate,
uma proteína é sintetizada,
um pseudópodo se move,
um vírus se reproduz,
...
Enquanto existe movimento existe som.
O movimento que empurra o ser humano para o segundo seguinte e abriga o embrião do sofrimento no agora sempre mutável.
Meu canto é sofrer.
E quando nada mais existir ainda ecoará por aqui a silenciosa música das esferas.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Não possuo identidade. Sou uma sucessão de elementos encadeados os quais permeiam um corpo padronizado pelos outros como o mesmo e escoam em formas diversas e potencialmente aleatórias, não fossem alguns caminho já tão traçados que formam um vinco por onde futuras formas tendem a escorregar. Elaboram-se obsessivamente múltiplas interpretações e algum padrão por aqueles que observam e que tem essa habilidade classificatória como premissa para sua existência.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Hoje sou tigre correndo urrando
veloz, que se desmancha no horizonte,
correndo do fogo e em direção a ele,
prestes a morder o próprio rabo.
E aprecio incomensuravelmente a plenitude de não estar pleno. Pois o tempo já não existe. Sou.
"Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?"
terça-feira, 12 de maio de 2009
Já não suporto mais palavras, mas ainda escrevo, porque elas são fortes demais, são um vício que destrói qualquer possibilidade de veracidade partindo de mim. Meu ego é tão inchado e lustroso que obstrui e ofusca minha visão, ele quer se ex-pressar, se pressionar para fora mesmo que empurrado, cambaleando e desequilibrado, espremido esperneando e xingando a tudo e a todos, ele quer ser visto e amado pelo mundo, e não bastante, por todos os seres vivos e não vivos conscientes e inconscientes desse plano e de todos os outros existentes em si ou como potencialidade.
terça-feira, 5 de maio de 2009
Rasgo-te em pedaços com um golpe bestial de dentes, e mastigo com intensa pressão a carne ainda tesa.
Mas ela não se tritura, não se digere. E se transforma em uma massa borrachosa e ressecada que se agarra nas paredes de minha boca com ligas de uma certa piedade dissimulada que se multiplicam deliberadamente com a intenção de me sufocar.
Escrevo, sinal de que não conseguiu.
E permanece a impressão que no instante seguinte todo esse desenfreado interpolamento de sensações irá desfalecer em rotas partículas flácidas de ar, fadadas à dispersão aleatória, pairando sem consciência de um dia terem sido qualquer coisa que seja causa ou efeito de alguma coisa qualquer.
Mas os instantes se atropelam e continuo aqui.
sábado, 2 de maio de 2009
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Me perguntam como seria o mundo perfeito. Só consigo imaginar que perfeito seria apenas o não-mundo. E o não-mundo me aparece como um sonho com o nada.
O nada, se existe, é algo que não conheço, assim como a perfeição, então me é bem conveniente associar os dois. Mas a existência já implica para mim a imperfeição, então talvez a perfeição fosse o não-existir. Mas será que ele existe?
segunda-feira, 27 de abril de 2009
domingo, 26 de abril de 2009
quinta-feira, 23 de abril de 2009
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Está aberto o circo! Bem vindos todos vocês a esse inferno tragicômico no qual estamos todos presos, todos, sem exceção ( e se te consideras uma exceção, darei-te o imenso prazer de ser nosso proximo homem-bala contra sua doce muralha de ferro).
Beba, beba tudo, se embriague até a ultima gota e lamba freneticamente o recipiente. Depois, vomite na minha face todo o seu expurgo, e ria, gargalhe, com sua boca enorme e vermelha de dentes grandes e brancos, até que seus musculos extasiados e trêmulos se revoltem contra sua autoridade tão meticulosa e rasguem sua pele e triturem seus ossos e encharcados com seu sangue sejam atirados para todos os lados para o delírio da platéia.
Beba, beba tudo, se embriague até a ultima gota e lamba freneticamente o recipiente. Depois, vomite na minha face todo o seu expurgo, e ria, gargalhe, com sua boca enorme e vermelha de dentes grandes e brancos, até que seus musculos extasiados e trêmulos se revoltem contra sua autoridade tão meticulosa e rasguem sua pele e triturem seus ossos e encharcados com seu sangue sejam atirados para todos os lados para o delírio da platéia.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
terça-feira, 31 de março de 2009
domingo, 29 de março de 2009
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